O QUE MONTEVIDÉU NOS DÉU…

José Mª Monterroso Devesa

Lembrete da Irmandade Galeguista do Uruguai      Imaxe cedida polo autor

 

I. INTRODUÇOM 
Partamos da base de que já é um tópico a inumerável aportaçom da Galiza emigrada à Galiza continental europea. E algo que, comumente, nom é valorado: o aporte de muitos galegos da diáspora aos próprios connacionais nessa mesma diáspora… que, mália a sua transterraçom, tamém som parte da Galiza humana, a completar, dramaticamente, a nossa demografía secularmente espalhada polo mundo. 

Mas aquí, obrigados pola limitaçom dumha revista, e, mais ainda, privados dos instrumentos científicos imprescindíveis para conformarmos um ensaio de maior enjúndia, limitaremo-nos a enumerar umha dúzia de feitos históricos de maior ou menor incidência no devir sociocultural do nosso país, tendo como origem um outro país (melhor, a sua metrópole) e um tempo (o século XX). 
II. DESENVOLVIMENTO 
Foi Montevidéu, pola sua envergadura com respecto à República Oriental del Uruguay, que desempenhou um papel quase exclusivo neste mostruário de momentos com a Galiza e os galegos daquém e dalém océano como protagonistas e/ou destinatários. E cumpre determo-nos hoje numha realidade com freqüência opacada polo brilho e cumprimento da colectividade galaico-argentina de Buenos Aires no referente ao seu peso fundamental na história galega. 
Partamos da fundaçom do Centro Gallego de Montevideo (1879), apenas messes anterior à Sociedad de Beneficencia de los Naturales de Galicia en la Habana e, prácticamente, trinta anos mais velho que o seu homónimo portenho, o Centro Gallego de Buenos Aires (1907) –em falando de instituiçons de longa vida e vivas, se exceptuarmos a cubana. 
Nesse mesmo centro montevideano nasce e del deriva umha série de publicaçons periódicas –todas em idioma espanhol-, aparecidas nessas duas décadas finais do XIX: os efémeros La Voz de Galicia (1880-1880, pouco anterior à homónima corunhesa), El Eco de Galicia (1882-1883), El Heraldo Gallego (1889-1889) ou El Gallego (1895-1895)… como a mais duradeira, La Unión Gallega (1881-1889). 

Outro evento a resenharmos, com o qual já nos mergulhamos na seguinte centúria, é a fundaçom (1917), por dissidência co Centro Gallego, de Casa de Galicia, co empuxe do baionês José-Ma. Rz. Barreiro (1871-1923) quem, na sua rauda passagem por Montevidéu, iniciou novos caminhos, mais progressistas, para a colectividade galega local. Esta instituiçom, já centenária, cuns comezos muito culturais e pedagógicos, foi derivando em mutualista médica que, com pronunciados altibaixos económicos, chegou a possuir na actualidade um sanatório de primeira linha entre os da capital uruguaiana. 
A toda esta actividade societária cumpre sumar a proverbial contribuiçom individual dos galegos abastados do Uruguai ao benestar das suas vilas ou aldeias natais, coa doaçom de escolas e muitos serviços sociais para a sua populaçom (paradigmático caso –no tocante a Buenos Aires) dos irmáus betanceiros Garcia Nabeira). Galegos ricos que tamém colaborarom ao melhor viver dos seus connacionais no país, suposto do famoso Juan Vicente Arcos Sabarís (Nogueira-Meis, 1838-1903). 
III. INCIDÊNCIA POLÍTICA DA GALIZA 
DE MONTEVIDÉU NA GALIZA TERRITORIAL 
A partir deste título, escusamos explicitar o contido do que segue. 
III.1. Para comezar, ressaltemos um feito abondo esquecido e merescente de ser agora, cem anos andados, ponto de partida para esta viagem apaixonada e apaixonante. Era o ano 1918. Um grupo de galegos de Montevidéu, mais bem galegos-filhos –constituídos com tal finalidade, em comité executivo- elevou ao governo da naçom umha petiçom para que fosse oficializado como Día de Galicia cada 25 de Julho (digno complemento, diziam, do Día de España -2 de Maio- e do Día de la Raza –nome utilizado daquela para o 12 de Outubro. Dita institucionalizaçom, que foi autorizada, consistíu na potestade de izar em tal jornada, junto à uruguia e à espanhola, a bandeira galega. Isto –que se foi perdendo coa passagem do tempo- fai que a capital uruguaiana se adiantasse dous anos a igual proposta das Irmandades da Fala (efectivizada na Galiza metropolitana aínda em 1920). 
III.2. Nas duas décadas entre guerras, o Centro Gallego de Montevideo, presidido polo Dr. Constantino Sánchez Mosquera (Herves-Beira-Carral, 1882-1960), tivo umha fermental actividade cultural na que participarom personalidades nossas locais e americanas, atravês de ciclos de conferências e outros: a destacar Juana de Ibarbourou (coa sua palestra sobre Afonso X o Sábio) ou o poeta da patria, Juan Zorrilla de San Martín. 
Nesse tal período, no que estala a guerra civil espanhola, nascem em Montevidéu diversos colectivos galeguistas e republicanos, precedidos por iniciativas como a do ourensao Jaime L. Morenza (c. 1895-1946) criando a Asociación Protectora de la Cultura Gallega (1929) para ajuda da Real Academia Gallega, o Seminario de Estudos Galegos e mais a Universidade de Santiago. Assi temos a Irmandade Galeguista do Uruguai e o Comité Autonomista Gallego del Uruguay, a primeira co seu órgao «O Irmandino» (sic, 1934), o único médio galego monolíngüe, do que poderíamos considerar antecedente ideológico o breve «O Fungueiro» (1918). 
III.3. É na década de 940 quando, a raíz do exílio de Castelao, o Río da Prata, e nom menos Montevidéu, tomam grande protagonismo, dada a radicaçom do Guieiro na vizinha Buenos Aires. Freqüentes som as suas visitas à capital uruguaia que, por riba, oferecia um melhor clima de liberdade, até o ponto de ser considerada polos próprios galegos da Argentina a «capital da Galicia liberada» (1945). E é que acabava de ser aquí fundado (1944) o Consello de Galiza que, nom nascéu como um governo no exílio, mas apenas como um órgao fideicomissário de representaçom dos galegos exiliados, nas persoas dos quatro deputados da República espanhola presentes, entre os quais o nosso Ramón Suárez Picallo. (Nom está de mais traer a colaçom as visitas que Picallo fixo à urbe montevideana, nestes e em tempos posteriores). 
(Prévio a tal órgao, polo que respecta a Castelao, déu-se, no teatro Solís, o mais importante do país, a reestreia de «Os vellos non deben de namorarse» (1941), para a qual o autor remetéu gravaçom dumha breve apresentaçom, como é bem sabido, única testemunha oral que del possuímos, a qual generosamente divulgou na Terra Isaac Díaz Pardo). 
Com anterioridade (1943) produziu-se o sonado seu discurso no grande Estadio Centenario, que, por divulgado, seria ocioso descrever agora. E posteriormente, cabe citar a exposiçom dos desenhos de guerra (1945). 
III.4. Morto Castelao, esse mesmo ano (1950) bota a andar em Montevidéu a audiçom radiofónica semanal e dominical Sempre en Galicia, aínda hoje nas ondas. (Um dos seus fundadores o expresidente da Deputaçom da Corunha, o corunhês Alfredo Somoza -1892-1951-, recém chegado a Montevidéu depois de longo acochamento de onze anos em diversas casas da cidade natal –ver Mónica Rebolo, «Bós días, galegos, eiquí Sempre en Galiza», Laiovento, 2002). Foi um privilêgio para esse grupo de galeguistas poder se exprimir publicamente em língua estrangeira, constitucionalmente proibido pola normativa do país. 

. Nas  duas imaxes superore, Um dos livros editados polo Patronato  da Cultura Galega e umha das Figuraciós de

Seoane em La Voz de Galicia (08/10/1972).  Nesta imaxe, Anagrama da audición radiofónica Sempre en Galicia .Imaxes cedidas polo autor

 

III.5. E chegamos à que já temos definido como «a endécada prodigiosa» 1954-1964. 
Como primeiro fito, vede aí o que Alonso Montero qualificou como «a batalla de Montevideo» (ver X.A.Montero, «A batalla de Montevideo», Xerais, 2003), exprimindo a campanha Buenos Aires-Montevidéu contra a repressom do idioma galego que culminou coa apresentaçom de um escrito-denúncia perante a Assembleia da UNESCO, que se reuníu na capital uruguaiana em Novembro de 1954. 
Arribados a 1956, inaugura-se, por iniciativa do minhense Antón Crestar Faraldo (1896-1983), a longa série de Jornadas de la Cultura Gallega /Xornadas da Cultura Galega, que, anualmente no mês de Julho, desenvolvérom actividades várias, geralmente coa presença de algum persoeiro da Galiza territorial, trazido em combinaçom co Centro Gallego de B. Aires, donde soíam cruzar gentes como Luís Seoane ou Rodolfo Prada. 
No mesmo ano nasce o Banco de Galicia (1956-1966, nom confundir co ainda existente Banco Galicia portenho), ao abeiro do industrial, político e mecenas desta banda do Prata, Jesús Canabal Fuentes (Amenal-Pereira-O Pino, 1897-1985). (No entanto, na outra banda do río-mar celebrava-se o I Congreso da Emigración Galega, que adquiriu, co tempo, visos de jornada patriótica e republicana de primeiro orde. 
Nesse clima efervescente, nom falta o fenómeno teatral coa criaçom do Teatro Popular Gallego (1958), com várias etapas de vida intermitente, e com obras de cariz popular tales «O Fidalgo» (San Luis Romero) ou «Mal ano de lobos» (traduzida da obra de Linares-Rivas). 
III.6. Na década seguinte dá-se, asemade, o florescimento de diversas editoras, polo geral de vida efémera –fora a do Patronato da Cultura Galega, fundada a instituiçom patrocinadora, por Cancela, Meilán e outros, em 1964, único colectivo estritamente cultural entre a dúzia e meia de centros galegos da capital-, podendo citar: Ediciones Banco de Galicia, Ediciones Hoxe (da por entom nascida Asociación Uruguaya de Hijos de Gallegos), ou Ediciones Ronsel (de Casa de Galicia), por suposto mero e pálido reflexo do pujante movimiento editorial galego-portenho. Cumpre destacar neste campo a impressom e publicaçom uruguaia de dous dos três volumosos volumes da «Historia de Galicia», dirixida por Otero Pedrayo. 
Um feito digno de sinalar é o nomeamento dumha escola pública da capital como «Escuela Galicia» (1962), único centro de ensino oficial ao que se lhe outorgou este novo privilégio de levar o nome de um país sem estado, onde muitos países do mundo ostentam aquí distinçom tam honrosa. 
É em 1965 quando, desempenhado polo exiliado arousao Luis Costa García (a) Juan García Durán (1915-1986), se implanta, na Facultad de Humanidades y Ciencias da Universidad de la República o primeiro curso de Idioma y literatura gallega a nível universitário, no Uruguai e no mundo. (No ano anterior fundara-se o Hogar Español de Ancianos que, mália nom ter o título do bonaerense Hogar Gallego de Ancianos, estivo e está ao serviço dumha maioritária populaçom galega… como tanto outro emprendimento espanhol deste país). 
É no mesmo 1965 quando, assinado por 16 sociedades galegas de Montevidéu, se remete ao compostelao cardeal Quiroga umha solicitude colectiva, manifestando a preocupaçom pola «aldraxe espritoal de que é ouxeto o sofrido Pobo Galego, ó sere descoñecido o seu dereito a que a súa lingoa sexa empregada nas práiticas relixiosas da Eirexa». 
III.7. É inevitável rematarmos com Castelao. Em 1969, ao pedido do citado Patronato da Cultura Galega, o governo municipal de Montevidéu dá o visto e praze à petiçom de dar nomes galegos a oito ruas capitalinas: a primeira foi a dedicada ao Guieiro, que constitúe, assi, a primeira rua para Castelao no mundo. 

Rua Castelao (placa)   Imaxes cedidas polo autor

 

Modelado em gesso, em 1956 (durante a sua estadia em Montevidéu) polo corunhês José Escudero Couceiro (1923-1975), instala-se em Rianxo (1975) o busto de Castelao que, tamém neste caso, é o primeiro na Galiza, naquel chuvioso e patriótico 27 de Setembro (de má recordaçom por outro trágico evento que todos lembramos e que foi o último acto criminal da ditadura franquista, menos de dous messes antes da morte do ditador). 
IV. CABO 
Chegados a este ponto, só nos resta advertir que o nosso é apenas um racconto esquemático de todo o que este pequeno país, resumido na sua capital, oferecéu à nossa Galiza ao longo do século XX, o qual pretendemos desenvolver o melhor que puidemos. Que outros o ampliem e o completem com novos dados constituiria a nossa mais cabal fortuna. 
Montevidéu para Sada, Fevereiro de 2020 

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