TEMPO DE LEITEIRAS

Adela Figueroa
 Já passaram as leiteiras
cantando seu cantar de leite.
Trazem consigo
A branca luz da manhã
que invade
o abrente do dia que nasce.

Já passaram as leiteiras
e os galos afinam suas gorjas de prata
tingindo o branco do leite
de seu brilhante cantar
com as cores do arco-da-velha.
Já lá vem Dosinda, montada
na sua burrinha cinzenta
anunciado com ledicia
que um novo dia nascia.
Toc toc toc toc toc toc
os pesunhos cantam nas pedras
da velha vila murada
o seu andar preguiceiro
sobre os croios quarziticos
da romana calçada hoje apagada.
Já lá vai descendo lentamente
para o velho bairro da Ponte
lançal dama em sua montura
por 
regia coroa seu balde.
Calaram as burras do leite
seu ornear matutino.
Ja não deitam seus “cuartilhos”,
pota a pota, casa a casa
as leiteiras majestosas.
Molidas nas suas cabeças
sustêm seus cântaros nobres
Seus andares de rainhas
perderam-se nas névoas de ontem.
Na minha varanda,as corvas
chiam de gozo e de ameaça
antes de que o dia  nasça.
Novos tempos novos sons,
É bem sabido por nós
que o tempo das leiteiras
já não volta
13 de dezembro de 2018. UCI
Acordando da anestesia depois duma longa
operação
Partillar

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