José-Mª Monterroso Devesa
IV.1. Ramón CABANILLAS Enríquez (1876 -1959). Topónimo de Castela, tamém em Navarra talvez diminutivo dum Cabanas -com esse aspecto galego-português- ou dum castelhano Cabañas -com transformaçom fonética “ñ/n”11- é o apelido paterno do nosso vate supremo da primeira metade do XX. Seu avô Cabanillas de Estremadura vinhera dar em Cambados.
Como no caso de Francisca Herrera… estaríamos, a fim de contas, perante um apelido galego- portugués manipulado e entom nom deveria tamém figurar nesta listagem de apelidos foráneos dos nossos vultos literários.
IV.2. Vicente MARTÍNEZ-RISCO AGÜERO (1884-1963). Com Risco –quem, a exemplo de Murguia, Pondal e Cuevillas… ou Castelao, nom usou o patronímico, como logo faria seu filho Antón (1926-1998)-, que levou dous apelidos alheios, limitamo-nos a ressumir os dados de Freixeiro Mato12, quem bem documenta como o quarto avô (val dizer, o pai de seu trisavô ou tataravô) -tamém de seu curmao Sebastián Martínez- Risco Macías- provinha de Mansilla, em La Rioja.
Quanto a Agüero, apelido muito cántabro, tamém é topónimo em Aragom.
IV.3. Florentino López ALONSO-CUEVILLAS (1886-1958). Galego por pai, é por mai que damos aqui a primícia dum seu curiosíssimo entroncamento genealógico.
Com efeito, atravês de quatro textos 13 inconexos reconstruimos tal fio genealógico, que nos conduz do guerrilheiro Ignacio Alonso ao pre-historiador Cuevillas.
É assi que “el cerverano Ignacio Alonso Cuevillas fue el guerrillero más importante de La Rioja en la contienda contra Napoleón” (Sáez Miguel): refire-se a Ignacio Alonso Zapatero (1764-1835), nativo da riojana Cervera del Rio Alhama; “más conocido por el sobrenombre de Cuevillas, debido a que su abuelo paterno era natural de La Cueva (Soria). En 1814 su apellido pasó a ser Alonso de Cuevillas, por Real Orden de Fernando VII, en agradecimiento a los servicios prestados durante la guerra de la Independencia” (Gil Novales).
Seu filho, Hilario Alonso-Cuevillas Remón (1801-1881), de Miranda de Ebro (Burgos), com destacada carreira militar (J. A.Gallego), veu dar em Ourense, onde casou, vindo ser avô de don Floro, por sua filha Vicenta Alonso- Cuevillas Álvarez Seara (Carvalho Calero e García Martínez).
V. QUINTANILLA, SIGUËNZA, DIESTE
V.1. Jaime Antonio QUINTANILLA Martínez (1891-1936). Médico, escritor e político, Quintanilla levava este apelido procedente no seu caso de Leom, dado que seu pai era de Sahagún14. Nos 80 anos do seu assassinato, comove- nos contribuir, bem que seja minimamente, ao esclarecimento da data de nascimento, machaconamente reiterado o erro de 1898, graças à informaçom de Luis Lamela quem me remeteu à excelente obra que se resenha nas notas.
V.2. Julio SIGÜENZA Reimúndez (1898- 1965). O nosso poeta tinha o seu avô Sigüenza nativo de Aranda de Duero (Burgos), sendo, em origem, topónimo de Guadalaxara15.
V.3. Rafael Francisco Antonio DIESTE GONZÁLEZ (1899-1981). Irmao menor rianxeiro do literato uruguaiano Eduardo (1882 -1954) -tam ligado este à Galiza e a Castelao- e tios do tamém uruguaiano, Eladio (1917-2000), construtor de vanguardistas edifícios, alô e acô, o nosso escritor levava dous apelidos nom galegos… para nom nos referir ao terceiro, Muriel (seu pai Dieste Muriel), apelido toponímico castelhano, que Rafael utilizaria no título das suas Historias e invenciones de Félix Muriel (no campo da Literatura espanhola).
Para empezar, o seu González era castelhanizaçom de Gonçalves: pois sua mai era filha dum Gonçalves brasileiro e dumha Da Silveira, uruguaiana oriunda do Brasil e de induvitável apelido flamengo-açoriano, traduzido a Silveira do seu originário Van Hagen16.
Mas é que por flamengo tamém se tem o Dieste (seguramente relacionado co fitónimo alemám Diestel=cardo), apelido, como outros anteriores –Abente, Lugris…- concentrado na área marítima, esta volta arousana, pois (8) o 90% dos existentes no nosso país distribui-se entre Norte (70) e Sul (20) da ria de Arousa.
VI.MARIÑAS, CARBALLO, GUERRA
VI.1. Jenaro Constantino Segundo Mariñas DEL VALLE (1908-1999). Filho do escritor Jenaro Mariñas (1868-1932), de anterga fidalguia, sua mai era asturiana de Villaviciosa, daí esse apelido Del Valle, típico de Astúrias, co que as histórias familiares quixerom revestir e revestirom ao galego Do Vale de Valle-Inclán, disfarçando-o para o mundo inteiro (veja-se a nota 3).
VI.2. Ricardo Leopoldo Ángel José Gerardo Carballo CALERO (1910-1990). Nascido o mesmo 30 de outubro de Miguel Hernández (1910-1942), o poeta mártir, com umha hora de diferência17, o nosso académico rebelde –que antítese! pagando por isso a sua innominaçom para o Dia das Letras Galegas-, levava esse apelido materno dum seu avô do Barqueiro: de nom ser um galego Caleiro castelhanizado, estaríamos perante um Calero castelhano originário, di-se, de Cantábria.
VI.3. Ernesto Ramón Laureano Pérez GUERRA (1911-1994). Com Ernesto Guerra da Cal voltamos à Itália de Paumán del Nero e de Tettamancy. Galego por pai (Pérez Cal) esse Guerra materno, para preservar a correcta pronunciaçom italiana, devera ter conservado a “u de diócesis” que escrevera o seu amigo Eduardo Blanco Amor se referindo à diérese, à qual anulaçom se sumou a homografia co ibéricorománico Guerra (presente em todas estas línguas peninsulares).
Pois tal Guerra pertencia a seu avô veronese Carlo Guerra (pronunciado Güerra). Como nos casos antes citados, el prescindiu do patronímico paterno e, de passada, ao jeito português, recolocou os apelidos, dando preferência a esse materno Guerra.
BALANÇO
Poucas palavras mais, a jeito de balanço, para observar que reparamos em 26 apelidos de 21 personagens, os quales, por língua (agás os 3 de exclussiva origem portuguesa), distribuem-se assi: espanhois (14), italianos (3), cataláns (2), euskera (1), francês (1), alemám (1) e flamengo (1).
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11. Cochón, L. & Abal Santorum, É.- Cartas de Ramón Cabanillas a Isidoro Millán en modo de antífona, Cadernos Ramón Piñeiro, 2011. Comentado por X.L. Méndez Ferrín (La Opinión de A Coruña, 15-10-2011), quem, à parte de se centrar no parentesco, de tia a sobrinho natural, entre Emília Pardo-Bazán e Ramón Cabanillas (por parte do pai natural deste, meio-irmao da condessa), opina ser o apelido espanholizaçom dum Cabanelas, quer das terras estremenhas de Ellas, quer das portuguesas de Olivença.
12. Freixeiro Mato, X.R.- “Vicente Risco en familia”, in Vicente Risco arredor de nós, 1993.
13. García Martínez, M.C.- “López Alonso-Cuevillas, Florentino”, in Gran Enciclopedia Gallega./ Sáez Miguel, P.- Guerrillero Cuevillas, pág. web larioja. com., 22-09-08./ Gil Novales, A.-pág. web mcnbiografias.com./ Gallego, J. A.- Historias del carlismo castellano. Don Hilario Alonso-Cuevillas y Remón, pág. web carlismocastellano.blogspot.
14. Romero Masiá, A. & Pereira Martínez, C.- Xaime Quintanilla Martínez: vida e obra dun socialista e galeguista ao servizo da República, 2011.
15. Beloso Gómez, J.- Julio Sigüenza. Obra galega, 2000.
16. Monterroso Devesa, J.- Sobre gallegos yorientales. Familias y apellidos de dos orillas, 2014.
17. Hernández, M.- Miguel Hernández traduzido para galego, por J.D., rev. Agália nº 43, 1995. FONTES Arquivo Histórico Diocesano de Santiago de Compostela (AHDS).- Livros sacramentais de freguesias da diócese.