Decorriamos os dias da primeira semana do agosto e com um.a sazom ajeitada dum magnífico verao, indo já fora um par de jornadas.
Na vila branca e marinheira de Sada dava-se encêto aos traballos de ornamentaçom pública para o celebramento da sua Festa Maior, em memória da patrona da parróquia, Santa Maria, e mais de orago da capela, San Roque. O folguedo e os divertimentos começam o dia quinze e arrematam o dia dezoito.
Um.a fagueira circunstáncia, fazia agoirar um.a festa de agosto este ano verdadeiramente rachada, como soe dizerse, mais rachada que nunca, tal era o balbor que tanto entusiasmo ascendia no ambiente.
Era um ano de muita fartura de froitos do mar, sobretodo de sardiña, peixe de mui rendoso lucro; e as rapetas, havia que ver como vinham todas as manhás cedinho, tocando a buguina como anuncio do éxito das largadas de redes ao mar e as conseguintes aladas, deitando a bordo cárregas de peixe que traguiam para vender, e que significava boa compensaçom do trabalho da noite.
Com tanta amorrada de sardiña que havia, a gente andava, que nom cabia dentro de si, de contentíssima que se sentia, e metida em aprestos extraordinários, um tanto de luxo, do que
outros anos nom podia sonhar.
A vida deste povo, ao igual do que a vida doutros povos da Galiza, depende da pesca; o sustento da sua comunidade, provém do que se pode extrair das augas do mar, as que suponhem as hortas dos marinheiros. E a gente marinheira, cando o vento nom se lhe cola polos petos, por terem-nos bem forrados, sabem-se fazer ver e luzir-se de primeira, nom cabe dúvida.
Passava de meia manhá, e das sete companhas que sairam a véspera para pescar, faltava por estar de volta a do “Periquete” pois como fôra vender o peixe á Corunha, nom pudera chegar cedo, canda as demais, que foram vender a praças de mais perto.
A mulher de um dos que faltavam nesta companha, achava-se a espreita da sua chegada, e ao enxergar a lancha e a buceta que vinham a toda vela, com ánsia botou a andar co filhinho no colo, duns seis sete meses, para agardar na rampa ao seu home quem de pe na proa da lancha vinha portando nas maos um barquinho de xoguete para seu pacholinho.
E mentras as duas embarcaçons vinham aproadas cara onde a mulher estava, que justo ali tinham que atracar, ela tratava de lhe escorrentar o sono ao filhinho, fazendo-lhe contos e enredando com ele a fim de que cando seu pai pujesse os pes nas lajes de rampa, cabo deles, topasse o seu amantinho cos olhos abertos.
Turulú, meu pacholinho
Ti bem podes turular-e
Túa nai está contigo
E teu pai ja vém do mar-e.
Ai, la-la-ra-lá / ai, la-la-ra-lá
ai, la-la-ra-lá / ai, la-la-ra-la-la.
Este meu pequerrechinho
É como a flor do laranjo
Os olhinhos tem azúis
O mesminho que os dum anjo
Ai, la-la-ra-lá, etc.
Nom te troco, meu meninho
Nom te troco, meu amor-e
Nem pola prata da lúa
Nem polo ouro do sol-e.
Ai, la-la-ra-lá, etc.
Cedido por Andrés Yáñez e Marichelo Flores